Pai empondera: Educação financeira é o melhor caminho para a criação de mulheres independentes

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Uma das maiores verdade na educação de filhos é que pais precisam aprender para, de fato, estarem aptos a ensinar.

Este é, certamente, o maior paradigma da educação: educa-se, mas, também se aprende em cada lição.

Este é o sentimento de Arthur Mota, analista financeiro e pai de duas jovens moças, Laísa e Camilly, de 19 e 22 anos respectivamente.

“Acho que por serem meninas foi ainda mais desafiador”, relembra Arthur, quando perguntado sobre os principais obstáculos encontrados na educação financeira de suas filhas. Para ele, era fundamental entender as maiores dificuldades de uma mulher na sociedade para que pudesse dar às filhas uma boa educação.

“Me formei em contabilidade aos 21 anos e desde quando comecei minha experiência financeira adulta já carregava a responsabilidade de ter de saber o que fazia com meu próprio dinheiro. Era uma obrigação por causa da formação: se eu fosse desorganizado e devesse muito, seria como um pianista que não sabe tocar piano”, ele ri da própria comparação. “Concentrado nisso, nem previ que meu desafio seria outro”, acrescenta.

Arthur sempre viveu uma vida boêmia e, aos 25 anos, descobriu-se pai por acaso.

“Me lembro de ter ficado muito chocado. A mãe da Camilly e eu não tínhamos um relacionamento e foi uma surpresa enorme.”

Apesar do susto, ele e Angelina Costa, mãe de sua primeira filha, sempre mantiveram um relacionamento cortês que era focado na educação de Camilly. O mesmo aconteceu quando, três anos mais tarde, ele foi pai de Laísa, fruto de um relacionamento mais longo de Arthur.

“Acompanhei as gestações e fiz meu papel financeiro do momento em que soube das gravidezes até hoje, mas, isso não faz um pai de verdade”, pondera.

Presença constante é o segredo para boas lições

Arthur sempre sentiu que, para ser um bom pai, precisava cobrir todas as necessidades de suas filhas e, desde os 5 anos de Camilly e os 2 anos de Laísa, ele cuida das meninas em guarda compartilhada.

“A proximidade me deu a oportunidade de educar as meninas financeiramente”, relembra.

Adepto do sistema de mesada, Arthur dividia a despesa das crianças com as mães e concedia às filhas uma quantia financeira por mês para que a distribuíssem nas demais despesas.

“A adolescência delas foi um desafio porque o gasto com meninas é muito superior ao que um pai gasta com filhos do sexo masculino. Tudo para meninas é mais caro”.

Uma pesquisa realizada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) atesta a opinião de Arthur: de acordo com os dados recolhidos pela instituição de ensino, peças de roupas e calçados femininos são vendidos em média 12,3% mais caros do que os masculinos e a diferença é ainda mais expressiva em estilos até os 15 anos, onde a diferença percentual alcança surpreendentes 20%.

“Fora o fato de que elas se importam muito mais com beleza e moda”, ressalta Arthur, que sempre achou importante levar as discrepâncias em consideração ao educar suas filhas.

“A questão é que nunca quis que elas esperassem que príncipes encantados dessem nada além de um amor sincero”, ele relembra.

Em sua opinião, assegurar que questões relativas ao empoderamento feminino e garantia de direitos iguais fossem discutidos à fundo também influenciaram a educação financeira de suas filhas.

Apesar de terem a maior parte financeira coberta, Arthur e as mães de suas filhas engajavam a ideia de que as meninas deveriam procurar maneiras de organizarem suas finanças por elas mesmas assim que pudessem: uma forma de protegê-las da dependência financeira feminina que, mesmo após tantas mudanças e novas ideologias, ainda assola a sociedade brasileira: 78% das mulheres que suportam violências domésticas no Brasil o fazem por sentirem completa dependência financeira por seus agressores, segundo dados da Polícia Civil de São Paulo.

“Eu me apavoro até hoje com a ideia das minhas filhas não terem apego pela independência financeira delas, embora ambas estejam estudando e abrindo seus caminhos. Acho que a maior preocupação de um pai com suas filhas deve ser essa: garantir que elas entendam que podem e devem ser independentes financeiramente. Esse é o único caminho para uma verdadeira educação financeira feminina”, afirma Arthur.

Enquanto cresciam, Camilly e Laísa precisavam fazer com que suas despesas coubessem no orçamento. “Nós pagamos por saúde, educação e alimentação, o resto era com elas”.

Hoje, Camilly já recebe salário de estágio, sendo estudante do 4º semestre de engenharia civil, e a decisão de abrir mão da mesada foi dela.

“Senti um orgulho enorme quando ela me disse que já não queria mais aceitar o dinheiro porque tinha o dela”, destaca Arthur.

Para ele, o passo dado por Camilly prova que as pautas defendidas em casa surtiram efeito e que a maior lição de educação financeira que ele quis dar às filhas foi aprendida: a verdadeira educação financeira é a que faz com que as pessoas compreendam que organizar suas despesas com o próprio dinheiro é uma garantia de liberdade e de amplas escolhas.

Desejamos ao Arthur e a todos os pais um Feliz Dia e boa sorte em sua nobre missão.

 

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