Não transforme o cartão de crédito no vilão do seu orçamento

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É de conhecimento geral que o mal uso do cartão de crédito está no topo da lista de principais causas do endividamento do brasileiro por dois motivos: a extrema oferta de cartões e o uso indiscriminado é hábito de quase 47% da população.

Segundo pesquisa realizada pelo Serasa eCred, marketplace de crédito com opções de propostas de cartões de créditos e empréstimos a interessados, mais de 60% dos usuários de cartões de crédito contam com no mínimo 4 cartões diferentes com a mesma função.

Contudo, por mais organizada e boa gestora de suas contas que uma pessoa seja, é inteligente possuir tantos cartões de crédito?

“A oferta somada ao grande desafio de recusar oportunidades de crédito ou o que muitos consideram poder de compra é o maior risco de usar a opção”, destaca o contador Valmir Sanches, analista em contabilidade da empresa J Sanches contabilidade, em Goiânia – GO.

Para ele, o principal problema da ampla facilidade é o risco de descontrole em muitos serviços de crédito que cobram anuidades e taxas altas em atrasos eventuais.

“A cada dia cresce o número de instituições financeiras no Brasil e o “empurra-empurra” de ofertas diminui cada vez mais a prática de anuidades e taxas, mas, elas ainda existem e o consumidor precisa ficar atento”.

E não é apenas uma narrativa generalizada. Sob a alegação de que a anuidade serve para custear os serviços administrativos da instituição financeira, estima-se que, ao longo de 2021, cerca de 5% dos cartões não cobraram anuidades, ao passo que 9% do total de tarifas ativas tiveram cobrança máxima de R$ 100 por ano.

Entretanto, para massivos 74% das ofertas de cartões, a anuidade chegou a 10% do valor do crédito, segundo estudo realizado pelo Guiabolso.

Quando perguntado sobre o gasto com anuidades que, uma vez dividido em parcelas, fica praticamente invisível no pensamento de muitos consumidores, Sanches comenta: “Engana-se quem pensa que R$ 100,00 por ano é pouco dinheiro para ser aplicado em modalidades de serviço que poderiam não ser taxadas. O mal hábito do brasileiro de considerar juros, taxas e encargos usufrutos comuns do consumismo é o que impede muitas pessoas de progredirem. Ao analisarmos dados de impostos para fins de declaração, observamos isso ainda mais fortemente: quanto mais se consome, mais se paga em taxas que não são levadas em consideração. Para quê, então, aumentar essa conta sem qualquer vantagem?”

A falta de atenção a gastos que aparentam ser irrisórios ao longo do ano pode ser o que separa o trabalhador do sucesso financeiro e da realização de planos.

“É uma via de mão dupla: por um lado, ter o poder de compra para dividir grandes valores e conquistar bens muito desejados é uma vantagem, se utilizada de forma correta. Por outro, o crédito sempre tem um preço, seja em uma anuidade, taxas por eventuais atrasos ou pela ampla possibilidade de descontrole”.

Taxas em cartões de crédito são reflexos da saúde financeira do consumidor

“Em teoria, a anuidade seria a única preocupação de pagamento excessivo para uso de cartões de crédito, não fossem os problemas da inadimplência. Afinal, atualmente, anuidades altas e baixas podem ser negociadas de forma simples em atendimentos remotos das instituições financeiras”, menciona Sanches.

E, no Brasil, a inadimplência é uma preocupação muito pertinente. Mensurada em abril deste ano pelo indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor, ela atinge aproximadamente 66,6 milhões de brasileiros.

Então, levando este dado em conta, o cartão de crédito é um inimigo?

“De jeito nenhum”, responde Sanches. “O inimigo do comprador é sempre a desorganização. Os juros do cartão de crédito são aplicados dentro do percentual sobre o valor emprestado. A pessoa não deve fazer compromissos financeiros sem a certeza de que pode arcar com eles, certo?

Para mim, o bom uso justifica a afirmação de que cartões de crédito auxiliam o consumidor. Se ele quer um bom crédito, deve conquistar uma boa reputação em uma instituição financeira, ao invés de se comprometer com várias anuidades, e construir sua segurança nas compras de forma organizada”, finaliza o especialista.

Além do conselho de Sanches, vale mencionar algumas dicas para que você veja seu cartão como um aliado:

  1. Estabeleça um limite para o valor total da sua fatura;
  2. Evite aceitar ofertas de cartões de crédito em momentos de emergência financeira;
  3. Compre, quite e somente após cumprir o ciclo faça outros parcelamentos;
  4. Controle os parcelamentos: só porque há limite não quer dizer que você pode gastar;
  5. Construa uma boa relação com a instituição financeira: desta forma, seu limite vai crescer, sua anuidade diminuir e suas contas ficarão no azul.

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