De pai para filho: Organização financeira é o primeiro passo para uma boa educação

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Vida organizada, contas pagas e mente tranquila. Assim Hewerton Souza, gerente de projetos da Almirante Tecnologia, define sua vida.

O mais interessante em sua história é, com certeza, o processo de sua criação: “Fui educado por um pai pedreiro e uma mãe dona de casa. Os dois trabalharam duro por toda a minha infância e juventude para que eu tivesse uma formação e hoje colho os frutos dessa dedicação”.

Muito embora Hewerton considere que viveu com seus pais uma infância humilde, ele afirma categoricamente que todas as suas necessidades foram supridas.

“Eu não tinha muito, mas, tinha tudo o que precisava e sabia valorizar tudo que era meu”, enfatiza o especialista.

Hewerton faz parte do seleto grupo de crianças educadas com noções de educação financeira e é prova de que, quando o assunto é finanças, controle e metodologia não dependem de muito mais do que estudo, gestão e disciplina.

“Meus pais eram pessoas de origem simples, tiveram infâncias muito privadas e sem acesso à muita educação. Quando minha mãe engravidou de mim, ambos decidiram melhorar sua condição pela nossa família.”

Desde muito jovem, Hewerton entendeu o valor do dinheiro. Seu relato mais consistente envolve suas próprias recusas em comprar desejos de consumo muito mais caros por serem de marcas ou estarem na moda na adolescência, sempre dando preferência à qualidade e melhor preço.

“Acredito que a maior diferença foi feita aí. Desde menino eu fui educado para valorizar o dinheiro que entrava e controlá-lo para que tudo pudesse ser suprido”, pondera.

Quando perguntado se sua educação envolvia mesadas, ele riu: “não, na minha época pais davam pouco dinheiro nas mãos de seus filhos”.

Consciência e bom orçamento eram lições diárias

Apesar de raramente pegar dinheiro na mão, Hewerton sente que seus pais o influenciavam a escolhas financeiramente conscientes mesmo assim: suas necessidades eram divididas por meses.

“Eu tinha o mês do tênis novo, o das calças novas, o dos óculos…”, ele relembra com saudade.

Seu Antônio e Dona Dulce, pais muito conscientes financeiramente, utilizavam técnicas de organização orçamentária para nunca precisarem parcelar compras. “Eles sempre me diziam que tudo que o pobre tinha era o nome”, relembra Hewerton.

E estavam certos.

Quando Hewerton completou 13 anos, seus pais conseguiram sua primeira casa própria, construída na maior parte pelas mãos de seus pais e as suas próprias, de forma que pudessem economizar e realizar seu sonho em um lote parcelado com os “nomes limpos” que tanto valorizavam.

Ao falar do pai, Hewerton não contém a emoção: “nos amava acima de qualquer coisa e, graças aos esforços dele, nossa família vingou”.

Indo em onda contrária aos hábitos da época, os pais de Hewerton tiveram apenas um filho e, quando perguntado sobre se a escolha era financeira também, Hewerton lembra de um episódio triste: o aborto de sua mãe quando ele tinha 10 anos.

Ele acredita que o evento traumático culminou na decisão dos pais de não terem mais filhos por questões de saúde e financeiras também.

Levar dinheiro a sério foi lição de pai para filho

Hoje adulto e em uma condição de poder aquisitivo totalmente diferente da que foi criado, Hewerton agradece aos esforços de seu pai tanto no que se refere à qualidade de sua vida quanto nas decisões que toma sobre a educação de seus dois filhos, Eduardo e Maísa, de 16 e 12 anos, respectivamente.

“Eles também não recebem mesada. Comem na escola e, por isso, têm cotas semanais para essa despesa e, da mesma forma que foi feito comigo no passado, eles têm os meses de compras. Delimitamos orçamentos para cada item e eles podem abrir mão de um para aumentar o orçamento de outro, por exemplo”, explica Hewerton.

Sua conduta ensina a seus filhos dois importantes conceitos de educação financeira: o minimalismo e o consumo consciente.  Com orçamentos para suas compras, as crianças aprendem a não almejar diversas e desnecessárias versões de um mesmo produto e selecionam criticamente a melhor forma de gastarem o dinheiro desde muito jovens.

Questionado sobre se a ideia foi difícil de ser implantada, uma vez que a geração atual busca gastar cada vez mais por status e quantidade, Hewerton diz a frase mais importante que se espera de um pai: “se eles não respeitarem o dinheiro desde o princípio, não o respeitarão nunca”.

Foram crianças criadas sem excesso de brinquedos, viram seu pai abrir mão de celulares e computadores mais caros e desnecessários para curtir viagens e experiências em família e vivem aproveitando ao máximo cada bem material que recebem.

Exatamente como seu Antônio fez no passado com seu filho.

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